A Demência não faz parte do envelhecimento normal. Importa, por isso, conhecer os sinais de alerta com vista a compreender o que se está a passar com a brevidade possível e procurar informação e apoio.
Para que um comportamento, problema ou dificuldade seja considerado um sinal de alerta, deve representar uma mudança em relação ao desempenho anterior numa tarefa ou competência previamente aprendida e realizada. Por exemplo, se uma pessoa nunca entregou o seu IRS online ou nunca teve o hábito de conviver em cafés, o facto de não o fazer agora não constitui uma razão para alarme. A preocupação reside no facto de a pessoa deixar de conseguir concretizar algumas atividades que realizava habitualmente no seu dia-a-dia, sem precisar de ajuda.
Se procura estar mais informado sobre quais são os sinais de alerta de demência e os benefícios de um diagnóstico atempado, continue a ler este artigo.
Quais são os sinais de alerta de demência?
- Esquecimento de informações aprendidas recentemente. As falhas de memória também podem referir-se a datas ou eventos importantes. Fazer as mesmas perguntas repetidamente e precisar cada vez mais de auxílios de memória (notas escritas ou lembretes no telemóvel). É normal não recordar um nome ou um compromisso e lembrar-se mais tarde.
- Mudanças na capacidade de planear ou trabalhar com números. Problemas em seguir os passos de uma receita habiual ou em controlar as despesas do mês. É normal cometer erros ocasionais na gestão das finanças domésticas.
- Dificuldade em realizar tarefas diárias, tais como, conduzir até um local conhecido, organizar uma lista de compras ou recordar as regras de um jogo favorito. É normal precisar de ajuda ocasionalmente para configurar o telemóvel ou gravar um programa de TV.
- Perder a noção das datas, das estações do ano e da passagem do tempo. Perder-se a passear ou a andar de carro. É normal, ficar confuso sobre o dia da semana, mas recordar-se mais tarde.
- Dificuldades em compreender a informação visual e espacial. Podem provocar alterações do equilíbrio, avaliação das distâncias e identificação de cores ou contrastes. É normal alterações da visão relacionadas com a idade (cataratas, glaucoma ou degeneração macular)
- Problemas de linguagem, nomeadamente, em encontrar as palavras ao falar e escrever e/ou em acompanhar e participar numa conversa. É normal ter dificuldades, às vezes, em encontrar a palavra certa.
- Perder coisas ou colocá-las em lugares estranhos e inapropriados. É normal não saber onde se deixou as chaves do carro, voltar atrás e refazer os passos para as reencontrar.
- Discernimento fraco ou diminuído. Dificuldades em resolver problemas ou tomar decisões, por exemplo, ao contratar um seguro de saúde ou escolher a roupa adequada para sair de casa. É normal tomar uma decisão errada ou cometer um erro ocasionalmente.
- Alterações de humor e do comportamento, tais como, ansiedade, tristeza ou irritação, menor interesse pelas emoções/sentimentos das outras pessoas. Comportamentos socialmente inadequados. Mudanças de personalidade. É normal desenvolver modos muito específicos de fazer coisas e ficar irritado quando uma rotina é interrompida.
- Afastamento do trabalho e da vida social (hobbies, desportos, projetos, encontros com amigos, etc.). É normal às vezes sentir-se cansado das obrigações laborais, familiares e sociais.
Se identifica a ocorrência destes sinais de alerta no seu dia a dia, não os ignore. Consulte o seu médico e valorize as suas queixas. Os sinais podem não significar o início de uma Demência, mas importa investigar as suas causas.
A importância de um diagnóstico atempado
Ainda que a grande maioria das demências não tenha cura, há muito a fazer pela autonomia, bem-estar e qualidade de vida de quem vive com demência.
Um diagnóstico atempado possibilita que seja a própria pessoa a planear o seu futuro e a tomar decisões, no que diz respeito aos cuidados de saúde que pretende vir a ter, ao modo como vai gerir o seu património e às questões de âmbito pessoal que pretende concretizar ou resolver.
Permite ainda obter informação e aconselhamento, assim como facilitar o acesso às terapêuticas farmacológicas e às terapias não farmacológicas existentes, tais como a estimulação cognitiva e o apoio psicológico e social, numa fase inicial do curso da doença.
A pessoa pode também desejar participar num ensaio clínico de um fármaco experimental ou integrar uma associação, movimento ou grupo de trabalho sobre o tema das Demências e tornar-se ativista em causa própria.
Um diagnóstico atempado também beneficiará os familiares porque poderão prepara-se com tempo para lidar com as exigências associadas à prestação de cuidados.
Este artigo é da autoria da Alzheimer Portugal, que se dedica há 36 anos a promover a qualidade de vida das Pessoas com Demência e dos seus familiares e Cuidadores.