A Demência não faz parte do envelhecimento normal. Importa, por isso, conhecer os sinais de alerta com vista a compreender o que se está a passar com a brevidade possível e procurar informação e apoio.

Para que um comportamento, problema ou dificuldade seja considerado um sinal de alerta, deve representar uma mudança em relação ao desempenho anterior numa tarefa ou competência previamente aprendida e realizada. Por exemplo, se uma pessoa nunca entregou o seu IRS online ou nunca teve o hábito de conviver em cafés, o facto de não o fazer agora não constitui uma razão para alarme.  A preocupação reside no facto de a pessoa deixar de conseguir concretizar algumas atividades que realizava habitualmente no seu dia-a-dia, sem precisar de ajuda.  

Se procura estar mais informado sobre quais são os sinais de alerta de demência e os benefícios de um diagnóstico atempado, continue a ler este artigo.

Quais são os sinais de alerta de demência?

  1. Esquecimento de informações aprendidas recentemente. As falhas de memória também podem referir-se a datas ou eventos importantes. Fazer as mesmas perguntas repetidamente e precisar cada vez mais de auxílios de memória (notas escritas ou lembretes no telemóvel). É normal não recordar um nome ou um compromisso e lembrar-se mais tarde.
  2. Mudanças na capacidade de planear ou trabalhar com números. Problemas em seguir os passos de uma receita habiual ou em controlar as despesas do mês. É normal cometer erros ocasionais na gestão das finanças domésticas.
  3. Dificuldade em realizar tarefas diárias, tais como, conduzir até um local conhecido, organizar uma lista de compras ou recordar as regras de um jogo favorito. É normal precisar de ajuda ocasionalmente para configurar o telemóvel ou gravar um programa de TV.
  4. Perder a noção das datas, das estações do ano e da passagem do tempo. Perder-se a passear ou a andar de carro. É normal, ficar confuso sobre o dia da semana, mas recordar-se mais tarde.
  5. Dificuldades em compreender a informação visual e espacial. Podem provocar alterações do equilíbrio, avaliação das distâncias e identificação de cores ou contrastes. É normal alterações da visão relacionadas com a idade (cataratas, glaucoma ou degeneração macular)
  6. Problemas de linguagem, nomeadamente, em encontrar as palavras ao falar e escrever e/ou em acompanhar e participar numa conversa. É normal ter dificuldades, às vezes, em encontrar a palavra certa.
  7. Perder coisas ou colocá-las em lugares estranhos e inapropriados. É normal não saber onde se deixou as chaves do carro, voltar atrás e refazer os passos para as reencontrar.
  8. Discernimento fraco ou diminuído. Dificuldades em resolver problemas ou tomar decisões, por exemplo, ao contratar um seguro de saúde ou escolher a roupa adequada para sair de casa. É normal tomar uma decisão errada ou cometer um erro ocasionalmente.
  9. Alterações de humor e do comportamento, tais como, ansiedade, tristeza ou irritação, menor interesse pelas emoções/sentimentos das outras pessoas. Comportamentos socialmente inadequados. Mudanças de personalidade. É normal desenvolver modos muito específicos de fazer coisas e ficar irritado quando uma rotina é interrompida.
  10. Afastamento do trabalho e da vida social (hobbies, desportos, projetos, encontros com amigos, etc.). É normal às vezes sentir-se cansado das obrigações laborais, familiares e sociais.

Se identifica a ocorrência destes sinais de alerta no seu dia a dia, não os ignore. Consulte o seu médico e valorize as suas queixas. Os sinais podem não significar o início de uma Demência, mas importa investigar as suas causas.

A importância de um diagnóstico atempado

Ainda que a grande maioria das demências não tenha cura, há muito a fazer pela autonomia, bem-estar e qualidade de vida de quem vive com demência.

Um diagnóstico atempado possibilita que seja a própria pessoa a planear o seu futuro e a tomar decisões, no que diz respeito aos cuidados de saúde que pretende vir a ter, ao modo como vai gerir o seu património e às questões de âmbito pessoal que pretende concretizar ou resolver.

Permite ainda obter informação e aconselhamento, assim como facilitar o acesso às terapêuticas farmacológicas e às terapias não farmacológicas existentes, tais como a estimulação cognitiva e o apoio psicológico e social, numa fase inicial do curso da doença.

A pessoa pode também desejar participar num ensaio clínico de um fármaco experimental ou integrar uma associação, movimento ou grupo de trabalho sobre o tema das Demências e tornar-se ativista em causa própria.  

Um diagnóstico atempado também beneficiará os familiares porque poderão prepara-se com tempo para lidar com as exigências associadas à prestação de cuidados.    

Este artigo é da autoria da Alzheimer Portugal, que se dedica há 36 anos a promover a qualidade de vida das Pessoas com Demência e dos seus familiares e Cuidadores.

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