A Demência resulta de uma variedade de doenças e lesões no cérebro que ao longo do tempo vão destruindo as células nervosas e comprometendo as funções cognitivas, tais como a memória, a linguagem, o raciocínio, a orientação temporal e espacial, a capacidade de planear e de tomar decisões, entre outras. Se procura estar mais informado sobre o que é a demência, para poder ajudar pessoas à sua volta com demência, continue a ler o artigo.

Como é que a demência afeta as pessoas?

As funções cognitivas vão deteriorar-se além do que é expectável que resulta das consequências habituais do envelhecimento biológico e vão prejudicar o desempenho das atividades do dia-a-dia.

As pessoas com sintomas ligeiros conseguem habitualmente continuar a trabalhar, conduzir, e participar nas suas atividades favoritas, com a ajuda ocasional de familiares e amigos. Em fases mais avançadas da doença irão precisar de um apoio permanente, nomeadamente para a realização das atividades relacionadas com o autocuidado, tais como, vestir-se, tratar da higiene pessoal e alimentar-se.  

Os défices das funções cognitivas são, em geral, acompanhados e ocasionalmente precedidos por alterações do humor (sintomas ansiosos e/ou depressivos), da personalidade e do comportamento.

Ainda que se identifiquem sintomas comuns, é importante lembrar que cada pessoa vai experienciar a Demência de um modo próprio, tendo em conta a sua personalidade, história de vida, condição de saúde e situação social.  

Como é que a Demência se reflete na população?

Apesar de afetar principalmente as pessoas com mais idade, a Demência não é uma consequência inevitável do envelhecimento. Por outro lado, existem pessoas que desenvolvem Demência antes dos 65 anos, correspondendo entre 5% a 10% de todos os casos.    

Mais de 55 milhões de pessoas vivem com Demência no mundo e há quase 10 milhões de novos casos por ano. Em Portugal, estima-se existirem cerca de 200.000 e prevê-se que este número aumente para perto de 350.000, em 2050.

A Demência consiste na sétima causa de morte entre todas as doenças e uma das principais causas de incapacidade e dependência entre as pessoas mais velhas. Os impactos provocados são muito abrangentes: físicos, psicológicos, sociais e económicos para as pessoas que vivem com Demência, para as suas famílias e para a sociedade em geral.

As mulheres são desproporcionalmente afetadas. Por um lado, porque vivem mais anos com incapacidade e apresentam uma maior mortalidade devido à Demência e, por outro, porque prestam 70% das horas de cuidados às pessoas que vivem com este diagnóstico.

Estão identificados mais de cem tipos de Demência que decorrem de alterações específicas no cérebro. A Doença de Alzheimer é a forma mais frequente e pode representar 60 a 70% dos casos. É causada pela acumulação de duas proteínas (beta-amiloide e uma forma anormal da proteína tau), por inflamação e pela atrofia do cérebro que decorre da morte das células nervosas. Existem outras formas comuns, tais como a Demência Vascular, a Demência de Corpos de Lewy e a Demência Frontotemporal. Muitas pessoas apresentam alterações cerebrais associadas a mais do que uma causa.  É o que se denomina por Demência Mista.

A importância do diagnóstico da Demência

O diagnóstico atempado é importante por várias razões. Primeiro, porque possibilita que a própria pessoa possa planear o seu futuro, no que respeita aos cuidados de saúde que vai desejar receber e à gestão do seu património, por exemplo, assim como nomear quem vai tomar decisões em seu nome, à medida que a doença progride. Depois, porque permite o acesso a informação, a aconselhamento e suporte à pessoa e respetiva família e o recurso às terapêuticas existentes.

Contudo, o acesso ao diagnóstico pode ser adiado por diversos motivos:

  • Falta de resposta do sistema de saúde;
  • As queixas cognitivas não serem sempre valorizadas pelos profissionais de saúde;
  • A própria pessoa evitar ir ao médico por ser difícil aceitar que os problemas que está a enfrentar não são "normais", por ter o legítimo medo de considerar a possibilidade de ter Demência, ou por não ter consciência das suas dificuldades.      

Ainda que não se encontre atualmente disponível um tratamento farmacológico que altere o curso da doença e cure a grande maioria das Demências, há muito a fazer pela autonomia, bem-estar e qualidade de vida da pessoa. Existem várias intervenções medicamentosas e psicossociais específicas com objetivos distintos e adaptadas em função do curso da doença (treino e estimulação cognitiva, terapia ocupacional, musicoterapia, etc.).

Por isso, importa não baixar os braços, manter a esperança e procurar ajuda especializada para que este percurso desafiante e dinâmico seja vivido pelo próprio e pela sua família com a melhor qualidade de vida possível.

Este artigo foi escrito pela Alzheimer Portugal, que se dedica há mais de 35 anos a promover a qualidade de vida das Pessoas com Demência e dos seus familiares e Cuidadores.

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