Apesar de a idade ser o maior fator de risco para desenvolver demência, esta não é uma consequência inevitável do envelhecimento.
A idade e os genes são fatores de risco em relação aos quais nada podemos fazer. Contudo, sabe-se que até 40% dos quadros demenciais podem ser prevenidos ou, pelo menos, adiados, controlando outros fatores de risco que são modificáveis.
Se procura estar mais informado sobre como reduzir o risco de desenvolver demência, continue a ler este artigo.
Quais são os fatores de risco modificáveis que aumentam a probabilidade de desenvolver demência?
São 12 os fatores de risco modificáveis identificados que aumentam a probabilidade de desenvolver declínio cognitivo e demência, a saber:
- Baixo nível educacional
- Hipertensão
- Obesidade
- Perda de Audição
- Traumatismo Craniano
- Excesso de Álcool
- Diabetes
- Depressão
- Inatividade física
- Tabagismo
- Poluição do ar
- Isolamento social
Que estratégias podemos desenvolver para reduzir o risco?
Em termos gerais, importa diminuir o risco de lesão no cérebro por um lado e, por outro, aumentar a chamada reserva cognitiva, isto é, a resiliência do nosso desempenho cognitivo decorrente das nossas experiências de aprendizagem e estimulação ao longo da vida perante as alterações cerebrais relacionadas com a idade ou com a doença.
A maioria das estratégias para prevenir a demência estão relacionadas com a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo a estimulação intelectual e social, bem como o acompanhamento médico de determinadas condições de saúde.
O modelo “Fingers” desenvolvido por um consórcio multinacional e interdisciplinar, muito estudado e reconhecido, defende uma abordagem multimodal e de base diária que inclui cinco domínios representados pelos dedos da mão:
1) Alimentação saudável. Assenta na dieta mediterrânica;
2) Atividade física. Implica o mínimo de 30 minutos de treino 2 a 3 vezes por semana, sendo que é mais benéfica quando inclui exercícios cardiovasculares e treino de força muscular;
3) Estimulação cognitiva. As atividades educativas, ocupacionais e de lazer contribuem para a nossa saúde cognitiva. Jogar, frequentar cursos, ler livros, ir a teatros ou museus e participar ativamente numa associação estimulam o nosso cérebro;
4) Atividades sociais. É importante sentir que se pertence a um contexto social. Os relacionamentos próximos podem ser mais importantes do que o tamanho da nossa rede social. Este domínio inclui ainda a necessidade de relaxamento, sono e redução do stress;
5) Monitorização dos fatores de risco relacionados a doenças cardiovasculares.
Um aspeto relevante é o facto de a implementação destas medidas preventivas também reduzir o risco cardiovascular porque “o que faz bem ao cérebro, faz bem ao coração”.
Na mesma linha, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou um conjunto de orientações baseadas em evidências científicas para reduzir o risco de declínio cognitivo e demência. Além das já mencionadas neste artigo, a OMS identifica ainda: a cessação tabágica e a redução do consumo de álcool. E além da menção específica ao controlo do peso, hipertensão, diabetes, dislipidemia, refere também o controlo atempado da depressão e da perda auditiva.
Importará ainda cumprir as regras de segurança e diminuir o risco de quedas, acidentes domésticos e rodoviários para evitar os traumatismos crânio-encefálicos que, por sua vez, constituem um risco para desenvolver demência.
No que respeita à poluição atmosférica e enquanto não se concretizam políticas ambientais mais efetivas a nível nacional e global, podemos promover, a nível individual, uma maior exposição a espaços verdes.
Evitar ou, pelo menos, adiar o início da demência está associado a ganhos em saúde significativos tanto para os indivíduos, como para a sociedade. Nunca é demasiado cedo, nem demasiado tarde para apostarmos na promoção da saúde do nosso cérebro!
Este artigo é da autoria pela Alzheimer Portugal, que se dedica há 36 anos a promover a qualidade de vida das Pessoas com Demência e dos seus familiares e Cuidadores.